segunda-feira, 6 de julho de 2009

Socialismo sim. Mas que socialismo?

Após a queda do Muro de Berlin, até os dias de hoje, pouco ou quase nada foi produzido em termos de programa pelos socialistas do mundo todo. Entre ser decretado o "fim da história" até os dias de hoje, vimos o mundo mudar muito, vimos a tecnologia assumir um outro patamar no desenvolvimento humano, vimos a democracia avançar a passos largos nas Américas e na Europa e vimos a questão ambiental assumir uma relevância central nos debates mundiais. Vimos também o apogeu do capitalismo através do neoliberalismo.Nesse período todo, a esquerda socialista pouco ou nada acumulou em termos de produção teórica.

Entretanto, com a crise do capitalismo e o fim do "fim da história", a esquerda, que pouco produziu, viu-se na obrigação de apresentar respostas que estivessem a altura do enfrentamento da crise capitalista (e não estou falando do apogeu da crise, estou falando dos ultimos 10 anos, no mínimo!). Com isso, passamos a reeditar velhas fórmulas, algumas até mesmo que nem teriam condições para uma aplicação prática em boa parte do mundo de hoje.

Em termos de Brasil, nossa produção é ainda mais pobre. Não temos acúmulo próprio, a não ser debater as experiências que vem de fora. Mas nunca projetamos realmente um modelo que atenda as demandas do país.Por exemplo, qualquer debate sério sobre socialismo no Brasil, hoje, passa necessariamente sobre o debate do método de implantação.

A hipótese de uma revolução é mais que remota, diria que improvável. Então, como implantar, democraticamente, o socialismo, a partir de uma economia capitalista?

Temos outras questões de relevância, como por exemplo a questão da propriedade privada. Como fazer com que a propriedade coletiva dos meios de produção não torne o Estado um patrão-capitalista ainda mais ávido que os que temos hoje?

Ainda mais fundo: Com o advento da automação dos meios de produção, corremos o risco de, em pouco tempo, a força-trabalho (como a conhecemos hoje) ser objeto com pouco ou nenhum valor em quase todos os setores.

Como administrar isso? Que projeto de "mudança" precisamos elaborar para o mundo do trabalho? Que tipo de ocupação uma sociedade socialista destinará aos seus trabalhadores? Intelectual? Se for isso, como será esse planejamento? Como elaborar uma "matriz intelectual" que dê conta de formar e absorver uma população pensante, cujos braços definitivamente valerão nada, num mundo onde a demanda será por "força-intelecto-produtora"?

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