segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Judeus e palestinos, palestinos e judeus: irmãos siameses...





Lula afirmou, hoje pela manhã, que o Brasil está fazendo o possível para um acordo de paz entre palestinos e judeus. Lula declarou que "nós gostaríamos que, no Oriente Médio, árabes e judeus convivessem como convivem árabes e judeus no Brasil".

Lula reafirmou o reconhecimento brasileiro sobre o Estado de Israel, mas lembrou que um Estado Palestino é urgente e necessário.

A problemática maior talvez seja o fato de que, tanto judeus quanto palestinos tem a mesma origem. E nessa mesma origem está incluída a questão territorial, que também é a mesma. Entretanto, a história tratou de separá-los - talvez sem muitas oportunidades de reconciliação, ainda que a esperança persista.

Ambos são semitas, são irmãos siameses que tomaram caminhos extremos através da história.

Como fazer para fazer com que dois irmãos que se odeiam co-habitem a mesma casa? Ou que aceitem a divisão dessa mesma casa, sendo que ambos a consideram como integralmente sua?

Existe, ainda, Jerusalém, cidade considerada sagrada para ambos, como se fosse o quarto dos pais, ponto de união dos irmãos, mas ao mesmo tempo, principal objeto de disputa, pois ambos não concebem a possibilidade de que a posse desse quarto permanessa nas mãos do outro. O que fazer, então?

Talvez uma saída para um início real de negociar a paz - mesmo que num primeiro instante desagrade ambos - seja a internacionalização de Jerusalém, cujo patrimônio vai além dos irmãos semitas, sendo um patrimônio de toda a humanidade.

Jerusalém como uma cidade-estado, laica, transformada em sede da Liga Árabe responsável por administrá-la e com tropas da ONU zelando por sua integridade e segurança. Uma nova Jerusalém, moradia comum à todos que nela quiserem viver pacificamente, ou rota peregrinal dos que a veem como uma terra-santa ou simplesmente a veem como página importante da história.

Partindo dessa resolução de Jerusalém, talvez seja menos complexa a divisão racional e justa daquele solo, entre judeus e palestinos, entre semita e semita, entre irmão e irmão.

Forças de paz internacionais talvez sejam necessárias durante longo tempo, nessa nova fronteira, com grandes áreas desmilitarizadas de parte-a-parte, antes que a paz esteja no coração, e não apenas na assinatura de um papel. O tempo mostra que, nesses casos, pode ser grande aliado. As duas Coréias, depois de longo tempo de separação, hoje já se entre-olham furtivamente, como quem pretende, em tempo próximo, sorrir e se abraçar.

Diante de um Estado Palestino livre, independente e soberano, a comunidade internacional - não apenas a ONU, mas a Comunidade Europeia, a Liga Áraba, o Mercosul, a China, a Russia, etc... - tem a possibilidade de ajudar essa nova Palestina a constituir-se a partir de projetos progressistas e não belicistas. A comunidade internacional tem toda a possibilidade de criar linhas de financiamento internacionais para investimentos em infra-estrutura básica no país (pontes, estradas, ferrovias, hospitais, aeroportos, rodoviárias, geração e transmissão de energia elétrica, tratamento e encanamento de água e esgoto, etc...); fundos de financiamento que estimulem a indústria, o comércio interno e externo, a agricultura e os setores prestadores de serviços, para que os palestinos obtenham, também, sua independencia e soberania econômica, através da geração de emprego, renda e riqueza.

Talvez essa não seja a melhor alternativa, mas certamente é um dos caminhos possíveis para uma paz verdadeiramente duradoura, ao invés da paz do "cessar-fogo", única possível com o atual modelo de "busca pela paz". Para buscar a paz verdadeira, não adianta molhar as pontas dos dedos, tocar a superfície. É preciso movimentar o fundo do oceano, buscar o fundo do conflito - e resolve-lo.

2 comentários:

Isabela disse...

É uma ideia um tanto ousada; mas não absurda. O problema é "encorajar" esses países a olhar pra fora - ou melhor, pra "dentro do oceano" (gostei da tua metáfora, hehehe). Pois falar, emitir opiniões e ajudar(de fora) é fácil, o problema começa quando tem-se que assumir a causa.

13 de janeiro de 2009 às 16:38
Anônimo disse...

Gostei. Parabéns.

14 de janeiro de 2009 às 19:51

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