segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Afinal... a verdadeira face da "globalização".

Até alguns anos atrás, a esquerda era taxada de retrógrada, antiprogressista e, até mesmo, ignorante pelos grandes gurus do neoliberalismo econômico mundial. Dizia-se que a esquerda tentava lutar contra o progresso inelutável que havia sido trazido pelo avanço dos meios de transporte e de comunicação que encurtaram as distâncias do globo.

Isso jamais foi uma verdade. Pelo menos não uma verdade completa. A esquerda jamais foi contrária ao progresso, nem à mundialização da humanidade. Pelo contrário: apenas foi responsável em avaliar a extensão do "progresso da globalização", caso a caso.

A classe capitalista mundial (esse termo nunca foi tão claro, desde as primeiras décadas do século XX) tem feito um esforço muito grande em tentar confundir os avanços da tecnologia - que surgem para interconectar os habitantes do planeta - com seus dogmas e pensamentos sobre economia e sistemas financeiros.

Principalmente nos anos 80 e 90, houve um brutal avanço dos princípios do livre-mercado, ausência do estado nos marcos regulatórios da economia, bancos centrais autônomos (!!!), etc... Isso tudo em tempos de G-8 de economias fortalecidas e um FMI nomeado "salvador" dos países pobres e em desenvolvimento. Os países mais ricos diziam que era preciso abrir os mercados dos países em desenvolvimento e pobres para os países ricos poderem "desovar" o excedente de suas produções. Afirmavam que era bom para o consumidor desses países, pois poderiam comprar produtos importados sem taxas de importação. Mas sonagavam o fato de que isso destruia qualquer processo industrializatório desses países, tornando-os, definitivamente, colonias de consumo.

Mas quem se importava com isso? Afinal, isso era bom, assim países pobres e em desenvolvimento permaneceriam com economias baseadas no setor primário (e os países ricos precisam de MUITA matéria-prima), recomprando, depois, a produção dos países ricos, em valores muito mais caros do que quando venderam a matéria-prima. Nesses termos, como manter uma economia saudável? Impossível, mas isso era melhor ainda! Afinal de contas, com economias fragilizadas, esses países poderiam conceder novos empréstimos, com juros ainda mais altos a esses países. De quem é a culpa? Ora, das estruturas do Estado, que "devoram" as finanças do país...

Pois bem, como diz o ditado, nada como um dia após o outro. Em tempos de crise, o que vemos é que, finalmente, o lobo deixa cair a mascara do cordeiro: Estados Unidos e Europa, principalmente, tem adotado leis protecionistas para assegurar as suas economias, dando de ombros para tudo o que afirmaram durante, pelo menos, 40 anos.

Obama baixou um pacote, nos Estados Unidos, oferecendo ajuda financeira às empresas que comprarem apenas de fornecedores nacionais. Ou seja, em tempo de abundância interna, vale o livre-mercado, em tempos de crise, fecha-se as portas e utiliza-se todas as "armas" possíveis para evitar importações, mesmo que isso leve dezenas de economias ao redor do mundo à bancarrota.

Isso tudo em um cenário onde o FMI perdeu espaço e o mundo cada vez mais vê esperanças no G-20, não mais no "pai rico", o G-8.

E, se não bastasse, em Davos, no fórum Econômico Mundial, viu-se, como nunca, Chefes de Estado apresentando soluções para a crise. Logo eles, os representantes dos governos? Pois é, logo eles, afinal de contas, os grandes gurus do progresso mundial estavam muito ocupados, passando pires nos congressos dos países ricos para ver se conseguiam algum dinheiro para salvar suas corporações.

Nada como um dia depois do outro.

E por falar nisso, foi muito bom ver o Lula participando do Fórum Social Mundial em Belém. Isso renova as esperanças, afinal, a América latina e o Brasil tem papel fundamental para o bem-sucedido G-20 (idealizado pelo próprio Lula), cuja tarefa, hoje, é ajudar a resolver parte dos grandes problemas que o G-8 construiu.

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