segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A NEUTRALIDADE DE MARINA

Marina optou pelo caminho mais fácil: Neutralidade. Aqui José Fogaça, o eterno "sem-posição" do Rio Grande do Sul, batizou essa prática de "Neutralidade Afirmativa". No caso de Fogaça consistia em não assumir posição porque assim não geraria mal-estar entre seus apoiadores que, na disputa presidencial, dividiam-se entre Dilma e Serra.

Marina utiliza a mesma tese: Não assume posição em nome de uma pretensa potencialidade que isso lhe confere, tanto para incidir nos programas de ambos os candidatos, quanto para permanecer como a "mantenedora da utopia", uma espécie de "grilo falante" daqueles que disputam a presidência.

Marina pretende o que com essa postura? Em carta pública aos candidatos, Marina os coloca no mesmo patamar, como se representassem a mesma coisa. Coloca Dilma e Serra como equivalentes e coloca a si mesma como "mantenedora da utopia", ou seja, os 20 milhões de votos fizeram mal ao ego e à memória de Marina.

Dilma e Serra não são faces da mesma moeda. São muito diferentes, representam coisas diferentes, idéias diferentes, futuros e interesses diferentes.

Serra representa o atraso das privatizações, do salário mínimo arrochado, da falta de emprego, da subserviência internacional, do Brasil como quintal da velha corte que sempre foi dona do país, desde a colonização.

Dilma representa o avanço do fortalecimento das empresas públicas, do salário mínimo que dá poder de compra ao trabalhador, da geração de emprego e renda, da soberania nacional,.da universidade para todos, da energia elétrica para todos, da inclusão digital para todos, da comida na mesa de todos, do Brasil de todos.

Serra, por tudo o que representa, significaria o atraso não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina, sem contar os países "terceiro-mundistas" que, com a liderança do Brasil de Lula, Rússia, Índia e China formaram o G-20 que hoje contrapõe o G-8 na ordem mundial e podem, pela primeira vez na história, olhar a Europa e os Estados Unidos como iguais, não como senhores. Serra é contra isso tudo, ele mesmo já falou mais de uma vez. Todos no PSDB já abriram a boca em algum momento para classificar os movimentos de Lula rumo aos países do hemisfério sul como uma "perda de tempo", pois os mercados que nos interessam são os da Europa e Estados Unidos.

O Brasil que não ouviu o tucanato, o Brasil de Lula, Brasil de Dilma, exporta como poucas vezes exportou, produz conhecimento como nunca produziu, influencia a política mundial como nunca influenciou.

O Brasil que com FHC importava cabelo do Uruguai a mando do FMI, hoje, com Lula e Dilma,  vê os maiores produtores de caças militares enfiarem os dedos nos olhos uns dos outros, disputando o interesse do governo brasileiro.

Quando alguém, 10 anos atrás pensaria em ter o Brasil com um produtor de cinema de grande qualidade? Quantos filmes brasileiros tiveram bilheteria disputada esse ano, com diversas salas de cinema exibindo-os e disputando público com eles? A 10 anos atrás, cinema brasileiro dependia apenas de cota para passar nas salas de cinema, quase sempre com baixíssima procura. Hoje o cinema brasileiro produz um sucesso atrás do outro. O que é isso senão o fruto de uma política cultural de qualidade no Brasil? Esse é o Brasil de Dilma.

O Brasil que privatizou a Vale do Rio Doce pelo mesmo valor do lucro semestral da companhia é o Brasil de Serra, o mesmo que tentou mudar o nome da Petrobrás para Petrobrax, dentro do roteiro privatista que colocava em andamento. O que fará com o pré-sal? Aliás, os tucanos do PSDB de Serra já disseram: entregar para exploração privada, porque o Brasil não possui recursos técnicos para explorar o pré-sal.

Essa da falta de recursos técnicos é o mesmo argumento que o governo de Serra/FHC utilizava para importar de outros países plataformas marítimas de exploração de petróleo. Isso mesmo, aquelas mesmas plataformas que com Lula/Dilma são produzidas em solo nacional.

O Brasil de Serra é o Brasil que seu partido afirmou só ser possível de ser governado para 30% de sua população. O Brasil de Lula é o Brasil que ascendeu 30 milhões de pessoas à classe média e que praticamente extinguiu a fome no país, assim como é o Brasil que praticamente extinguiu a escuridão das noites através do programa Luz Para Todos que levou iluminação e rede elétrica àos rincões do país onde o Brasil de Serra nunca se importou em chegar.

O Brasil de Lula é o Brasil da diversidade religiosa e da liberdade democrática. O Brasil de Serra é o Brasil que destila ódio religioso e só tem nas "pessoas de bem" aquelas que pensam como ele. Não é isso que vemos já no seu programa eleitoral de TV?

Não, Marina... Definitivamente Dilma e Serra não são a mesma coisa. Dilma é a continuidade de todos os projetos de avanço que temos visto no Brasil ao longo dos últimos 8 anos com Lula, de certa forma, a materialização inicial de muitas de nossas mais profundas utopias. Serra é a desconstrução de tudo isso e o fortalecimento de tudo aquilo contra o que sempre lutamos, inclusive tudo aquilo contra o que os seringueiros das florestas tem lutado e morrido no Acre a tantas e tantas décadas.

O que tu realmente és, Marina, é mais um grande quadro político forjado nas lutas sociais desse país e, como tal, tua responsabilidade hoje não é manter o sonho, mas sim impedir o retrocesso concreto de Serra.

Não, Marina, tu não és a "mantenedora da utopia". O que realmente será "mantenedor da utopia" será a continuidade e o aprofundamento dos avanços iniciados no Brasil com o governo do operário Lula. O que realmente será "mantenedor da utopia" será eleger Dilma para que os mesmos que decretaram o "Fim da História" não voltem para decretar o "Fim da Utopia".

1 comentários:

Anônimo disse...

Cada um tem sua opinião.
Têm pessoas que acreditaram em Lula e nem por isso ficaram satisfeitas com o seu governo. Isso não significa que apoio Serra... muito pelo contrário, estou longe disso! Mas também não apoio a Dilma.
Embora vc ñ concorde, também sou a favor da neutralidade. Mesmo se Marina apoiasse algum dos candidatos, eu ñ a seguiria em sua opinião.
Eu votei em Lula em ambas eleições e me arrependi. Eu nunca votei em Collor e FHC em minha vida. Vote desta vez em Marina, pois representava uma "esperança" de alguma mudança. E se ela só conseguiu 20 milhões de votos, paciÊncia.
Não fique triste, se ela se neutralizou, a Dilma ganha! Para sua alegria.

21 de outubro de 2010 às 00:21

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